quarta-feira, 21 de maio de 2008

Banda Polaca homenageada na Câmara


O jornalista Dante Mendonça foi homenageado nesta segunda-feira, 19 de maio, com voto de louvor da Câmara Municipal de Curitiba, proposto pela vereadora Julieta Reis. O cronista e chargista Dante ganhou a deferência pelo lançamento do livro "Banda Polaca – Humor do Imigrante no Brasil Meridional".

O livro relata história e estórias, causos e piadas dessa brava gente polaca recolhidas por Mendonça, neotrentino radicado em Curitiba. A Banda é o lado polaco do Sul do Brasil. Também foi uma banda do carnaval curitibano nos anos 70. Essa duplicidade de conceitos inspirou Dante Mendonça, um dos fundadores da carnavalesca Banda Polaca, a escrever o livro. O anticarnaval de Curitiba foi só a desculpa para introduzir o assunto. Vale mesmo, ao longo das páginas bem pesquisadas, o comportamento do polaco. Muitas vezes quieto, pensativo, com um ar que parece ingênuo, o polaco é de verdade mesmo muito esperto, inovador de costumes, com um humor fino e elaboradíssimo. Introduziu nas terras do Sul traços culturais que se incorporaram ao dia-a-dia do restante das populações. Isso se vê na agricultura, na produção doméstica de alimentos, nas receitas, nas danças, na música, nas cores preferenciais, no jeito de fazer a casa e de morar. Especialmente, no humor. Esse toma conta do polaco cientista, intelectual, professor, artista, pesquisador e também do que chegou como colono, cercou a propriedade, introduziu a carroça de toldo, ensinou a cortar madeira no tempo certo para fazer a casa, a fazer a broa de centeio, a azedar o repolho na pipa, a festejar o casamento – ou o batizado - por três dias seguidos. O sotaque em gerúndio, quando nem se sonhava com a internet e a tradução literal do inglês informático, dá sabor especial às conversas e às piadas, aos causos contados com um humor tocante, de rir e de emocionar.


Cracóvia mais bela que Florença

Foto: Ulisses Iarochinski
Cracóvia é melhor cidade na Polônia. Com este título, os jornais da Polônia, no último fim de semana informaram que uma pesquisa de opinião apontou a cidade como aquele em que todo polaco gostaria de morar.
O jornal Rzeczpospolita escreveu assim: "Nem Wrocław, nem Varsóvia, mas Cracóvia é a mais atrativa cidade de nosso país. Assim responderam cada um dos entrevistados na pesquisa de opinião pública. Mas a capital dicou bem situada. Varsóvia ficou na primeira posição segundo a rapidez com que se expande." Quando foi perguntado "Onde gostaríamos de morar" pela enquete do "Instytut GfK Polonia", os resultados apontararam:

- Kraków 12%.
- no campo, fora da cidade 9%.
- Wrocław 7%.
- Varsóvia 6%.
- Gdańsk 6%.
- Aqui, onde moro 6%.
- Poznań 4%.
- Outra cidade 36%.
- não sabe 14%.

Na categoria de maiores investimentos, Varsóvia explode no primeiro posto, mas infelizmente também ocupa o posto de cidade mais aborrecida da Polônia e uma das mais desinteressantes da Europa.
Um outro estudo, este realizado pela Universidade George Washington, ao atualizar uma lista dos locais culturais protegidos pela UNESCO, apontou que Cracóvia é mais bonita que Florença na Itália. Para dezenas de especialistas em turismo, Cracóvia é a primeira entre trinta locais na Polônia que entrou nesta lista. Os especialistas disseram gostar muito de Wawel e sugerem para férias a antiga capital polaca no lugar de Rodos, Budapeste ou nos Grandes Corais das Ilhas Maldivas. No primeiro posto desta lista estão os Fiordy na Noruega e a cidadezinha francesa de Vezelay, onde esta uma das mais belas igrejas européias do século 12, a Sainte Marie-Madeleine, no mosteiro Beneditino. Além disso, os especialistas em turismo apontaram a Polônia como um dos país mais atrativos turisticamente.
A publicação "Puls Bizness" publicou o ranking CBI (Country Brand Index) com os locais mais atrativos do mundo, através de enquetes 2500 turistas de vários países. Pela segunda vez consecutiva a Australia ficou no primeiro posto como país mais interessante para o turista, seguida dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Itália. A Polônia ficou classificada na oitava posição.

E tem mais sobre Guarapuava...

Depois de ter lido a divertida coluna do Dante Mendonça, no jornal "O Estado do Paraná" (via Internet), no último domingo sobre "os machos" de Guarapuava, ocorreu-me que havia algo que ligava Guarapuava com Cracóvia, via e-mail comuniquei isto ao jornalista-cartunista. Ao mesmo tempo que enviava a ele fotos para provar a ligação escrevi um texto sobre o assunto e coloquei aqui no blog. Mas o Dante fez mais,escreveu sua coluna de ontem aproveitando meu texto e adicionando o humor tão necessário. Fez mais o Dante, com a repercussão causada enviou-me mensagens dos familiares do nosso personagem principal, o qual ontem, no texto de Virmond, acrescentei que sem o dinheiro emprestado por ele, não haveria a colônia de Amola Faca e nem o atual munícipio de Virmond. Reproduzo a coluna do Dante Mendonça, tal qual foi publicada no jornal com as mensagens dos familiares do "Seo Ladislau" de Guarapuava:

Pedra de Guarapuava


Dante Mendonça [20/05/2008]


Guarapuava não é apenas uma terra de guapos machos que faz fronteiras com o Pólo Sul e o Pólo Norte. É também o chão de bravos imigrantes alemães e polacos, gente generosa que ainda hoje é lembrada na terra de origem, com o nome gravado na pedra.

Quem visita Cracóvia, na Polônia, encontra gravado num muro histórico à prova de generosidade dos bravos imigrantes, nos revela o jornalista Ulisses Iarochinski, que também fez as fotos acima. Atualmente encerrando o doutorado de História na Universidade de Cracóvia, Ulisses traz uma contribuição para a história dos Campos de Guarapuava que está ao alcance de qualquer turista em visita ao Castelo de Wawel, que foi sede do grande Reino Polônia-Lituânia dos séculos 14 e 15 (e que é nome de um dos primeiros edifícios da Praça Osório, em Curitiba). Com a volta da Polônia ao mapa da Europa em 1918 (escreveu Ulisses), depois de 127 anos de ocupação estrangeira muita coisa teve que ser reconstruída. Uma delas foi o Castelo de Wawel, em Cracóvia, que tinha sido desfigurado pela ocupação austro-húngara. Como o recém - Estado não tinha dinheiro suficiente, foi realizada uma campanha internacional para angariar fundos para a restauração do Castelo e da Catedral de Wawel. Muitos que haviam emigrado e viviam no exterior contribuíram. Do Brasil, apenas um polaco de Guarapuava colaborou e entrou para o muro da história polaca.

Em retribuição à generosidade, os restauradores fixaram na muralha várias placas com os nomes dos contribuintes e (pergunta o jornalista) “adivinha quem tem o seu nome gravado em granito branco, logo no início da rampa que leva o turista ao castelo?”

Wladzyslaw Kaminski Guarapuava Paraná Brazylia -1922

Precursor dos Kaminski nos Campos de Guarapuava, o guarapuavano “Ladislau” abriu mão de suas suadas economias, naqueles tempos miseráveis, e mandou dinheiro para reconstruir o Panteão Nacional da Polônia.

Ulisses Iarochinski acredita que talvez nem os Kaminski de Guarapuava saibam disto.

A respeito da crônica “Guarapuava é assim!” (domingo), João Alberto Twardowski, médico em Guaíra, conta que certa feita um gaúcho rodou os bares de Guarapuava à procura de briga, tal a fama da cidade. Aprontou muitas e saiu desanimado, depois de cruzar com um velhinho sentado no meio-fio, pitando o palheiro:

- Cadê os macho de Guarapuava, os home brabo que tinha por aqui, tchê?

O velhinho só levantou os olhos, deu uma tragada, tirou o cigarrinho da boca e respondeu:

- Os brabo, os macho mesmo, nóis já matemo tudo!

Repercussão familiar:
(Mensagens recebidas via email por Dante Mendonça, autor do Livro, "Banda Polaca - o humor do Brasil Meridional".)

- Prezado Dante,
Ao meu ver meu pai Leonidas, que reside em Guarapuava, seria o mais indicado para citar detalhes da família no contexto de Guarapuava, já que ele mora lá desde nasceu. Inclusive ele está às vesperas de completar 75 anos (30/06/1933). Aproveito para copiar a prima Leonorin que, creio, poderá também ceder mais detalhes. É filha do tio Leomar, irmão do pai, falecido recentemente. Obrigado, e um abraço, Omar.

-Dante,
Apos ler tua materia sobre meu bisavo Wladyslaw Kaminski, gostaria de lhe dizer que os "polacos de Guarapuava" , alguns deles (eu) que moram nos EUA hoje, sabem muito bem sobre o 'tijolinho" no castelo de Wawel e sao extremamente orgulhosos por esse ato de patriotismo
feito por ele. Agradeco pela materia e te desejo tudo de bom. Maressa Kaminski Garcez.

- Caro Dante,
Obrigado pela matéria, serviu de homenagem a muitas pessoas, em especial meu pai Leonidas, o único filho ainda vivo de Wladzyslaw, ou Ladislau, de Guarapuava. Um abraço, Kaminski.